Meu pequeno resumo do Primeiro Seminário Queer
10 de Setembro de 2015.
Nos últimos dois dias estive “infiltrado” no Primeiro Seminário Queer, realizado em São Paulo. Testemunhei de perto aquilo que já me assustava nos textos e nos discursos de “militantes” do meio universitário. Essa teoria não passa disso: uma teoria. Nenhum palestrando foi capaz de propor ações práticas, direções para movimentos sociais, nada.
O evento foi uma imensa masturbação acadêmica, de meta-citações entre os convidados, de novos-velhos conceitos subjetivos e vazios, cheios de pretensões. Houve momentos em que eu acreditei que o caminho dos discursos estava melhorando. Pontos como a questão da palestina, da violência policial, do genocídio negro passaram rapidamente pelas falas. Pena que eram seguidos por momentos de queda livre em direção ao nada.
A começar pelos palestrantes, que muito sabem sobre esse nada no qual a teoria queer está apoiada. Vi o feminismo — ou como dito “feminismos” — ser tratado como uma luta política ultrapassada, vi pessoas enchendo a boca pra cuspir na história das conquistas do movimento lésbico e gay, sem as quais essa teoria nem existiria, tratando essas questões, mais uma vez como ultrapassadas, superadas. Foi produzido um verdadeiro colar de tantas pérolas deixadas pelos palestrantes:
- Casais heterossexuais são compreendidos pelo movimento queer? — pergunta mandada a mesa.
-Claro! Muitos teóricos queers são heterossexuais, inclusive.
A vá.
E ainda houve situações piores que essa. Críticas negativas à abolição da prostituição, por ser algo que “viola a autonomia dos corpos”. BDSM sendo citado como mais uma prática sexual a ser abraçada pela diversidade, bem como uma defesa rasa da não-monogamia, que acompanhou a tendência dos debates, deixando de lado qualquer recorte de gênero, raça ou classe.
A defesa de uma liberdade individual de “performar” o gênero e viver a sexualidade “fluida” que ignora todas as estruturas nas quais se insere. Até mesmo a mutilação corporal e “Trans-deficiência” apareceram como pautas a serem abraçadas pela teoria, bem como um apoio cego às parafilias que flerta com a defesa da pedofilia.
O silêncio de ditas teóricas feministas a respeito das mulheres, afinal “precisamos expandir a categoria de mulher para incluir a todes”.
E saibam, junto com o patriarcado, acabou o capitalismo! Vamos focar nossos esforços e lutas em “corromper a estética” em “libertar os corpos dos sujeitos”.
Esse evento pavoroso só confirmou, ou talvez tenha até superado negativamente, minhas baixas expectativas. Pessoas brancas, ricas, muitas heterossexuais da alta academia fetichizando a opressão do gênero e a pobreza.
Dois dias tristes pra história do feminismo e da luta lésbica e gay ou mesmo “trans”.