Acabei de assistir ao filme “A Garota Dinamarquesa” e não posso deixar de relatar alguns incômodos.

A forma como “ser mulher” é diretamente associada a delicadeza, a beleza, a magreza, a submissão, passividade, a necessidade de cuidado, ao casamento, a maternidade e como tudo isso é usado pra justificar esse sentimento subjetivo de ser uma “mulher num corpo de um homem” no processo de transição do personagem.

A forma como esse desacordo com as normas sociais é vista como caso clínico, cuja solução pra todas essas angústias é a tal cirurgia de adequação genital.

Ser mulher, para o personagem, representa a realização de um fetiche por submissão, pela sua castração. Representa a possibilidade de abandonar seu posto de provedor e cuidador e as expectativas masculinas que recaem sobre si.

Enquanto sua esposa batalha por espaço e reconhecimento no meio artístico, ele se desempondera, mingua, recata para virar “mulher”.

Me entristece que uma história como essa seja considerada um exemplo para um movimento social, sem qualquer recorte étnico ou econômico do que significa realmente a transexualidade.

Me preocupa o efeito de um filme desses na audiência e na difícil tarefa de lidar com padrões de comportamento “feminino” e “masculino”, principalmente entre crianças.

Gay Anti-Queer

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Gays Pela Abolição de Gênero

Gays pela Abolição de Gênero (antiga Gay AntiQueer) é um coletivo formado por homens gays alinhados por ideais materialistas e abolicionistas desde 2015.